Naquela noite pacífica e fugidia,
o vento bailava e batia na janela adornada.
Espreitei, lá fora nenhuma vivalma se via,
cá dentro, das dez, a última badalada ouvia.
Saí para uma curta caminhada,
tudo estava colorido, tudo estava brilhante.
Pairava no ar a alegria, uma paz imaculada,
a das famílias a celebrar a noite abençoada.
Nesta minha solitária cruzada,
ouvi de repente, um ruído estranho e estridente.
Algo gemia quando dobrava a encruzilhada,
era um pequeno cachorro, que de frio, enregelava.
Aproximei-me e fiquei perturbada,
o pobre cão estava magro que doía.
Fiz-lhe na fronte uma festa e fiquei aliviada.
Pensativa, segui o meu caminho mas sentia-me culpada.
Já perto do lar, vi que o escanzelado cão me seguia.
Detive-me por uns momentos e não mais hesitei,
recolhi a criatura com toda a dignidade e cortesia.
Alimentei-o e aconcheguei-o, logo se recompôs como por magia.
Foi então que percebi, o que há de mais belo,
pois encontrei o verdadeiro Natal solidário.
Com um gesto simples e singelo,
celebrei como ele a partilha, pus nele todo o meu zelo.