sexta-feira, 26 de março de 2010

Sexo das Palavras



Este pequeno texto, em jeito de brincadeira e reflexão, vem a propósito de um concurso radiofónico sobre perguntas da matéria do sexto ano de escolaridade que recentemente ouvi, enquanto de manhã vinha no carro a caminho da escola. O concorrente era um pai camionista e a pergunta era relacionada com a disciplina de Português.


- Como variam as palavras? Opção 1: Em género; Opção 2: Em sexo - questionou o locutor.


A resposta lá se ouviu e por incrível que pareça a segunda opção foi a escolhida, sendo inclusive, apoiada e confirmada pelo filho do participante, também camionista, que foi quem previamente “entalou” o pai nesta ingénua mas séria brincadeira do concurso.


Toda esta inocente trama, além de divertir, tem como pretexto, dependendo de se ganhar ou perder, receber-se um diploma ou um par de orelhas de coelho respectivamente. Com certeza, que me ri da resposta mas ao mesmo tempo dei comigo a pensar na temática do Sexo das Palavras. Não seria engraçado se diariamente classificássemos, assim, as palavras que dizemos, lemos e ouvimos?


Então em que sexo classificaríamos determinadas palavras como o amor, o ódio, o orgulho, o trabalho, o casamento? E a amizade, a solidariedade, a dor, a alegria, a família?


Bem…Estas palavras não poderiam ter sexo ou teriam que ser dos dois pois são comuns tanto para o masculino como para o feminino. Não concordam?!


Pelo contrário, há outras palavras que embora pertencendo ao feminino ou masculino não se enquadram bem no seu sexo. Vejamos:


Ir a bola, beber uma cerveja, fazer a barba, pôr uma gravata, como sabemos são palavras do género feminino mas, certamente, teriam que ser do sexo masculino, nesta “nova” classificação. Contudo, pôr um creme de beleza, colocar um sutiã, fazer compras no centro comercial, o parto são palavras do género masculino mas que deveriam pertencer ao “sexo” feminino. Mas haveria, seguramente, muitas outras palavras que iriam criar muita confusão!


Eles guiariam o carro e Elas contrapunham com a viatura; Eles diriam que iam beber um café e Elas argumentavam que iam beber uma bica; Eles comprariam uns ténis e Elas prefeririam umas sapatilhas.


Bem… isto já começa a resvalar para uma “guerra” de vocabulário territorial e de sexos!


Preciso de esclarecer este assunto, mas, como vou fazê-lo?! Ah! Já sei… vou fazer um telefonema para o ministério da educação ou será melhor fazer uma chamada? Para o ministério? Não será demasiado? Prefiro mandar uma mensagem ou então um e-mail à professora de Português… Tenho receio, não contactarei ninguém. É melhor calar-me para não ser mais uma candidata às orelhas de coelho, mas, tendo em conta que a Páscoa está a chegar, se calhar até daria jeito ao coelhinho uma ajudinha… A propósito, Boa Páscoa !