segunda-feira, 7 de março de 2011

O mito de Soleil e Luna

Dia miraculoso surge na história do Reino de Venúcia. A rainha, quem julgavam ser infértil, deu à luz o futuro herdeiro do trono, o príncipe Soleil.
Este, por ter sobrevivido a um parto extremamente complicado, foi sempre muito mimado pelos seus pais. Além disso, consideravam-no obra dos deuses, sendo, por essa razão, venerado por todos.
Quando este completou dezasseis anos, levado pela rebeldia da adolescência, cometeu um terrível crime que envolvia a morte do seu pai. Luna, serva da família, fora a única a presenciar a situação, e, como por instinto, sentiu-se obrigada a assumir as culpas. Desta forma, salvaguardaria o tão precioso príncipe, que garantia a estabilidade do reino.
No dia seguinte, a rapariga entregou-se às autoridades que ficaram um tanto perturbadas com a sua atitude. Como o Rei falecera, cabia agora a Soleil definir a sentença da pobre Luna. Embora se sentisse bastante culpado, condenou-a prisioneira perpétua. O povo não demonstrou contentamento a cerca da sua decisão, pois, afinal de contas, o crime havia sido grave e a punição aplicada deveria ser mais severa, isto é, condená-la à forca.
Para que ninguém desconfiasse, ele visitava-a, anualmente, no escuro da noite, enquanto os outros dormiam. A sua primeira visita foi algo constrangedora.
- Boa noite… – disse ele, receoso.
- Oh, formoso Soleil, a que devo a honra desta visita? – interrogou Luna, que fazia uma vénia.
- Por favor, levantai-vos! Não me fazeis sentir mais culpado. Porque haveis feito tal sacrifício por mim?
- Permita-me a ousadia, mas eu amo-vos, meu senhor. – soluçou ela.
O jovem estava incrédulo. Não conseguia acreditar nas palavras da serva. Então, sem proferir mais nada, retirou-se. Luna não saía do seu pensamento e isso inquietava-o, contudo, continuou a visitá-la durante anos e, cada vez mais, se sentiam unidos pelas chamas da paixão.
Numa das noites em que ia visitá-la, Soleil, tragicamente, deparou-se com um cadáver. O seu fraco coração não aguentou tamanha desilusão e parou. O príncipe, que se havia tornado Rei, tombou, deixando de respirar. Posteriormente, as almas dos dois amantes ascenderam ao escuro céu, envolvendo-se loucamente e formando o imponente eclipse.
Actualmente, podemos ainda observar este fenómeno natural que resulta de um longo abraço entre o sol e a lua, nomes dados em homenagem a Soleil e Luna.

MartaBarros